15/05/2009

A pena é livre, mas o papel tem dono

Como é bom ter um arquivo pessoal. Lendo o livro do saudoso amigo Plínio Marcos, me deu o direito de abrir essa página com um depoimento de Samuel Wainer (jornalista). "A pena é livre, mas o papel tem dono". Plínio, além de dramaturgo era escritor e jornalista. Costruiu carreira sólida no jornalismo, passando por diversos jornais e revistas como repórter e até editorialista.

Mas foi na crônica que seu trabalho conquistou grandeza. Plínio afirmou que havia sido "inventado" como cronista por seu amigo e jornalista João Apolinário. Ele começou escrevendo aos domingos para o extinto jornal Última Hora, em 1968, onde trabalharam Nélson Rubens, Jô Soares, Giba Um (colunista social) e outros tantos profissionais importantes do jornalismo.

A mulher Walderez de Barros, atriz de peças de sucesso, como Madame Blavatsky, e esposa de Plínio por vinte anos, acompanhou de perto o início de sua carreira como cronista.

Sempre escrevendo Plínio foi um autêtico cronista de futebol. Mais do que um especilista no esporte, foi um apaixonado. O talento para contar histórias era tamanho que conseguia levar o leitor de suas crônicas diretamente do papel para os gramados ou para a terra batida dos campos de Várzea.

A paixão pode ser explicada: Plínio sempre quis ser jogador de futebol. De certa forma conseguiu, ao atuar pela equipe juvenil do clube de coração, o Jabaquara, e chegando a jogar em alguns times amadores do interior paulista. Como um representante do "povão que berra da geral sem nunca influir no resultado", Plínio cutucou com vara curta cartolas, "treineiros", árbitros e jogadores.

O próprio Pelé, no auge da carreira e da consagração, não escapou da crítica afiada do cronista. "O povo brasileiro é bom, apaixonado, mas não amamenta monstros sagrados", diz a crônica "Valor se dá a quem tem", publicada na Ultima Hora, em 13/3/1974. Como cronista, Plínio foi um dos pioneiros a falar sobre a necessidade da se acabar com a lei do passe e regulamentar definitivamente a profissão de jogador de futebol.


Para encerrar, uma frase de Plínio Marcos: "Me dá pena ver essa lei safada a "Lei do Passe, escravizando o jogador".

*Alguns trechos do livro "A crônica dos que não tem voz" de Plínio Marcos que um dia jogamos juntos no forte time do Sentimento F.C.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Rozinaldo. Gostei de você ter se lembrado com alguns trechos do livro do Plínio Marcos do qual eu era um grande fã desde santista de coração.
Ele queria ser mesmo jogador de futebol. Siga em frente escrevendo algumas coisas dele. Tem gente que não sabe nada a seu respeito.
Manoel dos Reis - Santos

Anônimo disse...

Rozinaldo. Sou seu seguidor. Seu blog está legal e com boas informações. A materia sobre o Plínio Marcos me pegou de surpresa. Sempre tive vontade de saber um pouco mais da sua carreira. Você acertou na mosca. Poderia contar mais sobre ele?

Kléber dos Santos (Rio Branco-Acre)

Anônimo disse...

Salve o Plínio Marcos, Salve o Plínio Marcos. Valeu sr. Rozinaldo. Ele queria jogar futebol. Vai em frente com os contos dele.


Nicolau dos Santos - Presidente Prudente -SP

Anônimo disse...

Caro Rozinaldo Fiedler. Sempre te acompanhei na A Gazeta Esportiva escrevendo da Portuguesa de Desportos. Pensei que tu havia parado, mas me surpeendi com o seu blog (não era Rozinaldo Ribeiro?), mas ficou legal, principalmente escrevendo do eterno e saudoso santista Plínio Marcos. A foto do Plínio ao lado está genial. Valeu e estou ligado. Parabéns.


Paulo Barbosa da Ilha Bela-SP