14/10/2010

A Lusa não será a mesma sem Mário de Carvalho

Por Dirceu Cabral

A Associação Portuguesa de Desportos nunca mais será a mesma sem Mario de Carvalho, o “Fofoca” como era carinhosamente conhecido no meio esportivo. A minha carreira como repórter foi iniciada no Canindé, época em que convivi bastante com o Mario.

Nessa longa existência do clube, difícil é encontrar alguém que não sorriu com os causos do ‘Fofoca’. Certa vez a Lusa estava em crise. Mário era diretor-adjunto de futebol e arrumou uma saída para tirar o foco da mídia que só fala que a Portuguesa estava da crise.

Chegou ao Canindé dizendo que a contratando Eusébio, o maior ídolo do futebol português de todos os tempos, para ser o novo técnico da Lusa. Eusébio nunca veio, mas serviu para desviar a atenção. Por bom tempo não se falou mais na crise.

Para “Fofoca” não havia tristeza. Estampava no rosto, mesmo que tivesse com problemas, largo sorriso e vontade de querer ajudar. Na Lusa, ele integrou a torcida “Leões da Fabulosa”, tornou-se sócio, diretor e por fim conselheiro vitalício. As equipes de base do clube eram seu ‘xodó’.

Quantos não foram os domingos que acordou cedinho para assistir jogos de garotos na várzea. Tinha jeito para a coisa. Sabia diferenciar o menino que entendia de bola daquele que não era do ramo. Adorava ser chamado de garimpeiro de novos talentos.

Como aventureiro da bola ajudou a Portuguesa revelar vários craques. Poderia ficar aqui enumerando centenas deles. ‘Fofoca’ acompanhou com carinho a trajetória de Dener. Foi o descobridor de Zé Roberto a quem tinha um carinho todo especial.

Mário também tinha mania de trocar nomes dos jogadores , quando percebia que o original podia não ser o ideal para o mundo da bola. Foi assim que passou a chamar o lateral Donizetti de Zé Maria. “ Zé Maria é nome de boleiro”, justificava. Deu certo.

Zé Maria se consagrou na Europa com esse nome. Em determinado ocasião fiz uma matéria com ‘Fofoca’ no jornal A Gazeta Esportiva. Nela Mário contava detalhes das viagens que fazia pelo interior afora em busca de novos Enéas, Dener e Zé Roberto.

Numa dessas aventuras chegou a se vestir de padre para convencer a mãe de um menino a deixar o filho viajar para jogar no Canindé. No Paraná levou uma ‘esporada’ de um galo dentro do ônibus quando ia para Andirá ver um ‘Pelézinho’ jogar.

Gostava tanto de ver os jogos da Portuguesa que certa vez pediu a um amigo para substituí-lo como padrinho de casamento marcado para o mesmo horário do jogo da sua querida Lusa.

Mário agora vai encontrar no céu gente que aprendeu a admirar, como Dener, Enéas, Oto Glória, o ex-presidente Osvaldo Teixeira Duarte entre tanto outros. Sentiremos sua falta...

PS: Meu grande amigo Dirceu Cabral. O Mário foi e continuará sendo uma lenda da nossa querida Lusa. Tem gente que não sabe o quanto nos sabemos dessa menina que não estão sabendo administrar e educar. É uma pena, mas aí está a sua bela crônica. Mário, aquele abraço. Valeu, garotinho.




E ponto final.

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